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Putin assina decreto
Putin assina decreto reconhecendo a independência das repúblicas separatistas do leste ucraniano, durante uma transmissão ao vivo na TV. Foto: Reuters

CRISE NO LESTE EUROPEU

Rússia avisa que pode enviar tropas aos territórios separatistas da Ucrânia

Putin reconheceu as autoproclamadas repúblicas russas étnicas; entenda as causas crise

Terça-feira, 22.fev.2022 às 16h00

Nesta segunda-feira (21), o governo de Vladimir Putin comunicou ao mundo o reconhecimento das autoproclamadas repúblicas russas étnicas no leste da Ucrânia e o envio de tropas à região em caso de 'haver uma ameaça' aos separatistas por parte de Kiev.

Tanque em Donestk
Tanque em rua de Donestk após o anúncio do reconhecimento russo da área rebelde - Alexander Ermotchenko/Reuters

Entenda os episódios antecedentes

Em novembro de 2021, a Rússia enviou mais de 100 mil soldados e equipamentos para áreas próximas das fronteiras com a Ucrânia que, juntamente com os EUA e a Otan, a acusaram de planejar uma invasão militar, o que a Rússia nega.

O governo do presidente ucraniano Viktor Yanukovytch, alinhado a Moscou, havia sido derrubado em 2014 na que ficou conhecida como Revolução Ucraniana, que o Kremlin considera um golpe, razão por que não reconhece a legitimidade do atual governo de Kiev.

Até 1991, a Ucrânia fazia parte da União Soviética. Com a desintegração, algumas repúblicas do antigo bloco soviético começaram a ser atraídas pela Otan e pela União Europeia. Percebendo que isso poderia acontecer com a vizinha Ucrânia, Vladimir Putin promoveu a anexação da Crimeia, território étnico russo que havia sido cedido à Ucrânia em 1954. E passou a fomentar uma guerra civil de separatistas pró-Kremlin na região do Donbass, no leste da Ucrânia, que agora está no olho do furacão.

Enquanto a Rússia não aceita a legitimidade do atual governo da Ucrânia, a ONU não reconhece a anexação da Crimeia pela Rússia, embora, na prática, a comunidade diplomática considera a anexação como um fato consumado.

Por interesses geopolíticos e estratégicos, o que Putin quer, na realidade, é evitar que a Ucrânia ou qualquer outro país ex-soviético entre na Otan e, por tabela, na União Europeia.

Ucrânia e região de conflito
Rússia, Ucrânia, Crimeia e territórios dominados pelos separatistas de Donetsk e Lugansk - Arte: FOLHA

Com efeito, tanto o antigo Império Russo quanto a União Soviética ou dominavam ou tinham aliados no Leste Europeu. O fim da União Soviética fez com que parte desses aliados fosse absorvida pela esfera ocidental, provocando, segundo a ótica russa, um indesejável desequilíbrio de forças. A propósito, em 2004 a Otan já havia trazido para sua área de influência três repúblicas ex-soviéticas: Letônia, Lituânia e Estônia. E isto acendeu a luz amarela para Putin, que acaba de enviar tropas de ocupação para seus aliados rebeldes em Donbass, numa missão de "força de paz".

Estaria em andamento uma anexação dos territórios rebeldes de Donbass por parte da Rússia, a exemplo do que aconteceu com a Crimeia?

Uma guerra não interessa a nenhuma das partes: nem à Rússia, nem à Otan e seus países-membros, aí incluídos os EUA, e muito menos à Ucrânia. O que não fica claro é como será desenhado o mapa do Leste Europeu a partir das próximas semanas. O certo é que a Ucrânia não será mais a mesma. Já perdeu a Crimeia, e agora pode perder territórios das regiões de Donetsk e de Luhans, que se autoproclamaram "repúblicas russas étnicas".

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